“As utopias são as fontes de todos os caminhos,
projetados no porvir.”[i]
Minha história com Hélio
Pellegrino começou há vários anos, ainda na década de oitenta. Digo minha
história com, mas sem Hélio, porque nunca o conheci pessoalmente
e ele nunca soube da minha existência.
Naquela época, eu ainda
antes dos vinte anos, recém saído de um colégio jesuíta do Rio de Janeiro,
começava a me interessar por participar mais ativamente da Igreja Católica. Devo
confessar, que de início, o que de fato me atraia àquela empreitada eram as
meninas católicas de Ipanema, várias delas participantes de atividades e missas
de domingo na Igreja de Nossa Senhora da Paz.
Azarar, desculpas pelo
termo oitentista, meninas na Igreja ainda poderia ser aceitável para um aluno
recém saído de um colégio jesuíta, onde para meus pares da época, seria impensável
estar associado de qualquer forma à Igreja, suas crenças e ritos. A
justificativa das meninas aliviava e sustentava, a imagem descolada de um jovem
da zona sul carioca.
Não sabia eu, que pouco tempo
depois, além das meninas, as ações pastorais e as questões de fé tratadas por
aquele grupo e especialmente por seus frades franciscanos, iriam me seduzir.
Como então assumir uma posição de católico praticante, quando isso significaria
estar associados a carolas.
Na busca de uma salvação
ao possível rótulo de coroinha, inaceitável nos meus preconceituosos dezenove
anos, trombei sem querer e sem hoje me lembrar como, com os textos escritos por
Hélio, publicados quinzenalmente no Jornal do Brasil daquela época.
Intelectual, militante de esquerda, psicanalista, mas principalmente: católico
praticante assumido.
Naqueles meus tempos de
estudante de engenharia, Hélio seria uma fonte de identificação segura e bem
mais atraente, que os coroinhas normalmente associados à Igreja. Naquele
momento, ainda longe da psicanálise, mas interessado em teologia, ações sociais
e movimentos de esquerda, ele era um ótimo exemplo a ser seguido.
Mas nossa relação não foi longe, depois de um
período de intensa atividade, Hélio nos deixou prematuramente em 1988 e um
pouco mais para frente, a vida também me levou por outros caminhos pessoais e
profissionais, que acabaram por me afastar da Igreja e qualquer ação social.
Nossa amizade talvez tenha sido
somente uma breve aventura de adolescência.
Mais de dez anos depois,
já homem adulto, com filhos e vivendo a vida dinâmica de um jovem executivo em ascensão,
mudo do Rio para São Paulo, e como bom carioca em chegada à cidade, escolho o bairro
de Moema para morar. Logo na chegada, me surpreendo com uma avenida, naquele
tempo, nova e em crescimento, batizada com seu nome: Hélio Pellegrino.
Minha visão até aqui
ainda muito limitada da cidade, tachada de mar
de prédios e lugar sem praia, ou simplesmente cidade para se trabalhar e ganhar
dinheiro; foi surpreendida com aquela homenagem. Afinal minha própria cidade não
tido sido capaz de fazer algo semelhante ao seu ilustre habitante.
De alguma forma, Hélio
mais uma vez, me fez olhar de um outro modo àquela cidade, que ao menos tinha
tido o mérito de reconhecer e homenagear um intelectual, poeta, cristão e
socialista como ele. Seu nome batizando aquela avenida, de alguma forma
sinalizava-me, que havia muito mais aqui do que os meus preconceitos imaginavam
conhecer. Seu nome me deixou mais à vontade no lugar, que de um modo ou de
outro, eu tinha escolhido estar.
Vinte anos depois,
continuo por aqui. O tempo passou, minha vida caminhou bastante, quando mais
uma vez, sem querer, nossas histórias se cruzaram novamente, quando fui
convidado a falar sobre ele neste evento. Esta coincidência me trouxe um
conjunto de recordações, algumas há muito esquecidas
e outras modificadas pelo tempo, que me fizeram crer que meu inconsciente soube
trabalhar sabiamente por esse novo encontro.
Hoje, mais de trinta anos
depois da minha primeira descoberta, eu menos socialista e católico que em
outros tempos, mas por outro lado, agora também psicanalista, pude
redescobri-lo com outros olhos. Depois de tanto tempo, foi muito especial retornar
aos seus textos, que obviamente estavam por muito esquecidos, e me enxergar
novamente, mas agora em uma outra posição: a de homem maduro e psicanalista.
Que prazer trabalhar com sua
obra e história, e de alguma forma agradecer ao que, sem saber, ele foi capaz
de fazer também por mim. Nessa jornada curiosa, apresentou-se a mim um novo
Hélio, ainda mais fascinante que minha juventude empolgada já admirava com
fervor tempos atrás. Minha curiosidade e amor pela psicanálise de alguma forma
se sentiu muito bem recebida por alguém, que por toda sua história, também fora
puxado por estes mesmos motores.
Pude conhecer que sua
inteligência não era somente objeto de vaidade ou poder, mas uma qualidade de
trabalho e ligação. Não a ligação como a origem da palavra nos antecipa,
capacidade de interligar dados e fatos, mas a associada a outras ligações, ou
como ele mesmo afirma, a ligação amorosa de Eros.
Uma inteligência em
posição antagônica a burrice do demônio, aquele que segundo suas próprias
palavras “está condenado, por toda a eternidade, a não ter relação como quem
quer que seja”, estando “infinitamente isolado”[ii].
Eros ao contrário, ainda
segundo Hélio, “conjuga, configura, complexifica, totaliza. Se a união faz a
força, Eros é forte – e o demônio, fraco. A bondade, fora de qualquer dúvida, é
a forma superior de inteligência”[iii].
Neste contexto, não
poderia ser mais inteligente nosso Hélio, alguém que ao longo de sua trajetória
foi capaz de cultivar amizades como ninguém. Como ele mesmo disse, amizades
merecedoras de um Prêmio Nobel, por conta de sua intensidade e longevidade[iv].
Algumas por toda sua vida, mantidas e alimentadas regularmente, muitas delas
com contatos diários, ainda que por telefone[v].
Algo muito especial em qualquer época.
O que já seria admirável
no caso de qualquer um, com Hélio foi bem mais longe. Uma amizade tão longa,
não se sustentou apenas por afinidades e histórias em comum, mas especialmente pela
capacidade de superar diferenças e respeitar singularidades. Afinal amigos de
longa data também brigam, e como disse Otto Lara Resende um dos seus amigos
mais próximos, que com Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos foram amigos por
mais de cinquenta anos: “brigávamos muito”[vi].
Talvez esteja aí o
segredo amoroso de Hélio, um auto intitulado cristão e socialista radical,
capaz de ter entre seus amigos pessoas de pensamento diverso e ter como “amigo
fundamental”, o escritor e assumidamente reaça
Nelson Rodrigues[vii],
frequentador assíduo de seus almoços de sábado e mais tarde articulador da sua
soltura, quando preso por cinquenta dias nos tempos da ditadura militar[viii].
Alguém capaz de mesmo
preso, interessar-se genuinamente pelas questões de seu próprio detentor,
diretor da casa onde fora detido, e tornar-se seu analista. Não antes de
solicitar que em troca pelos seus serviços, o diretor autorizasse que ele continuasse atendendo
seus clientes ali mesmo[ix].
Alguém que encarava a
prática psicanalítica para além dos trâmites teóricos e corporativos da
profissão, mas como um ato de amor aos seus analisandos[x].
Uma posição de quem logo após a faculdade de medicina, não identificado com o
entendimento cientificista da pessoa humana[xi]
e motivado por suas próprias questões pessoais, buscara sua própria análise e
mais tarde a posição de analista.
Conhecedor dos efeitos da
boa psicanálise consigo mesmo[xii],
tornou-se um trabalhador incansável da prática psicanalítica, a ponto de não
pensar em férias um pouco mais longas, por não se permitir se distanciar por
muito tempo dos seus atendimentos[xiii].
Em 1969, quando ainda encarcerado pela ditadura militar, chegou a comunicar sua
decisão de trabalhar menos ao
companheiro de cativeiro Zuenir Ventura, mas uma vez liberto, sua promessa não
foi muito longe[xiv].
Psicanalista, escritor e
intelectual, Hélio ia além das práticas profissionais típicas de sua profissão e
desde cedo esteve envolvido na ação política. Participou da fundação de dois
partidos, UDN e PT, e buscava estar sempre ativo por seus credos[xv].
Não por coincidência, nas
manifestações estudantis de 1968 contra a ditadura, era o representante dos
intelectuais naqueles atos. Juntava-se às passeatas e aos palanques dos
estudantes, defendendo enfaticamente suas ideias. Muito distante do intelectual
defendido atrás de textos e publicações, expunha-se diretamente, em corpo e
palavra contra a ditadura instalada[xvi].
Em tempos onde os jovens
bradavam o credo do ativista Jack Weinberg, “não confie em ninguém com mais de
trinta”, ele do alto dos seus quarenta e quatro anos, discursava lado a lado
com, o naquela época líder estudantil e vinte anos mais novo, Vladimir Palmeira[xvii].
Sua postura crítica não
poupava nem mesmo sua classe profissional, sendo um questionador ferrenho da atitudes
arbitrárias da Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro, mantendo sua posição
às últimas consequências, tendo sido mesmo expulso e posteriormente readmitido
via processo judicial[xviii].
Sua capacidade única de
transitar por diferentes grupos e suas divergências, mesmo hoje nos causaria
surpresa. Em 1980, em meio a sua disputa com a Sociedade de Psicanálise, fora
capaz de planejar um congresso sobre o inconsciente, que reuniria em um mesmo
evento, conforme suas palavras: “Lacan, um soviético e muitos cientistas”; sugerindo
ainda uma parte teórica, com várias correntes de pensamento, que incluiria
psicanálise, reflexologia, behaviorismo, bioenergeticismo, etc[xix].
Amigos de diferentes linhas
politicas, posicionamentos teóricos ou faixa etária nunca foram limite a sua
generosidade e amor. Ele só era inimigo do poder dos exploradores presentes no
governo ou nas empresas, capazes de dominar e consumir o próximo, posicionando-se
contrário à filosofia utilitária do homem, quando o mesmo é tratado como
material de consumo ou coisa descartável[xx].
Sabendo dos limites
concretos da clínica psicanalítica[xxi],
para o atendimento aos mais pobres e dificuldade de acesso aos seus serviços,
como homem de ação foi um dos fundadores da Clínica Social da Psicanálise[xxii],
despertando o inconformismo de seus pares assustados com as ameaças à sua reserva de mercado.
Fiel a liberdade, nome do
primeiro jornal político que participara na publicação ainda estudante por
volta dos seus vinte anos[xxiii],
a encontrou na prática da psicanálise e em todas suas produções como motivação
maior[xxiv].
Ele mesmo disse: “A psicanálise é, essencialmente, a ciência da liberdade
humana”[xxv].
Liberdade que implica a
existência de uma lei estruturante, a negatividade que mantém aberto o espaço
indeterminado que constitui a primeira[xxvi].
Neste sentido, conforme suas palavras: “cometer um crime, em nome da lei, é
mais grave do cometê-lo fora da lei. O crime, cometido em nome da lei, abole a
diferença entre lei e crime e, nesta medida, instaura o império do crime, o
primado de uma desordem que não tem, para enfrentá-lo, nenhuma ordem que lhe
seja antagônica”. Em uma frase, “ser livre é respeitar a lei” [xxvii].
Um utópico eloquente, mas
ao mesmo tempo pragmático quantos as reais possibilidades de transformação da
sociedade, o que de alguma forma trazia tristeza aos seus olhos. Mesmo assim,
um trabalhador incansável por suas crenças e capaz de implicar o outro em suas
próprias questões. Em talvez uma das suas últimas aparições gravadas em vídeo,
alguns meses antes de sua morte, quando questionado sobre as ações que
intelectuais privilegiados faziam pelos mais pobres, após contar um pouco de
seu histórico e ações, devolveu a inquiridora: e você? Qual é a sua
contribuição?[xxviii]
Era intelectual,
psicanalista, escritor e ativista, mas era mais. Hélio também era poeta. Face
muito admirada por amigos, mas pouco publicada. Em seu último vídeo, quando
cobrado pela parca publicação de seus poemas, se justifica sem graça, “talvez
por perfeccionismo, talvez por vaidade, ou um sentimento de inferioridade que
está oculto e bem disfarçado” de modéstia ou insegurança da qualidade de sua
produção, mas logo depois conclui dizendo, “mas eu chego lá, eu vou publicar
meus poemas, eu me comprometo com essa ilustre plateia”[xxix].
A morte veio antes do planejado e a promessa não pode ser cumprida em vida.
Segundo o poeta Ferreira
Gullar a poesia nasce do espanto, alguma coisa que te surpreende e você tem que
comunicar os outros[xxx].
Sendo assim, apesar da pouca publicação, Hélio sempre teve muito a comunicar.
Mesmo já homem maduro, nunca perdeu a capacidade de se admirar pela beleza da
natureza, da pessoa humana e se emocionar[xxxi].
Permaneceu empático aos mistérios do mundo e da vida, que de alguma forma
sempre os estimulavam a ir além[xxxii].
Por fim, homem ardoroso defensor
do amor em suas diversas formas, talvez possa ser melhor definido nas palavras
daqueles depositários do seu sentimento, nas diversas formas em que ele viveu
como poucos. O amor da amizade, o fraternal e o romântico. Deixo aqui as
palavras destes concluírem meu discurso e apresentação.
O amigo Otto o apresenta
como uma pessoa de uma gratuidade infantil, senso de humor e histrionismo
incomparáveis, capaz de se comunicar quase sem palavras, possuidor de uma flama,
que tocava o sublime, o ridículo e o engraçado.[xxxiii]
Seu filho e homônimo
Hélio, que quase fora nomeado Carlos Frederico (numa tentativa de homenagem a
Karl Marx e Friedrich Engels, devidamente descartada por seus familiares menos
progressistas), o define com uma pessoa especialíssima, um conhecedor profundo
da alma humana, sua grande busca.[xxxiv]
Ou nas palavras amorosas
de sua última esposa, Lya Luft: “Ele tinha coisas de menino: dormia abraçado a
mim feito criança, gostava de doce e de ganhar camisas novas de presente.”, “às
vezes parecia alegre; mas seus olhos eram tristes de entenderem a miséria deste
mundo”, mas ela também reconhecia as múltiplas faces do poeta “aquele que amei
era velho e moço, ríspido e cândido, apaixonado e solitário”, “era um homem impaciente: brigava no trânsito,
detestava filas, batia portas com força quando perdia as coisas. Certa vez
rachou um telefone que não dava linha; reclamava de ir ao dentista. Mas quando
um dia chorei porque falou alto comigo, mandou-me rosas que espalhei pela casa
toda.”[xxxv]
Ou melhor ainda, nas
palavras do próprio Hélio: “Só a ressurreição da carne me sustenta. É ela que
constitui a última utopia humana, o projeto essencial ao qual se referem e se
alimentam todos os projetos.”[xxxvi]
Quem sabe hoje, trinta
anos depois, Hélio Pellegrino me faça cristão mais uma vez e sem querer
continue de um outro lugar, sua missão utópica neste mundo.
Bibliografia
BERNANOS, G. Os grandes
cemitérios sob a luz. São Paulo: É Realizações, 2015.
BORGES, A. Sempre um Papo, 12 dez. 1987. Disponivel
em: <https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s>. Sempre um
Papo, nas comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, no Cabaré Mineiro.
IGLÉSIAS, F. Chego a hesitar: rasgo a carta,
mando-a? Correio IMS, Rio de Janeiro, 23 mar. 1988.
JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO. Estadão. Disponivel
em:
<https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,ferreira-gullar-em-2015-a-poesia-como-vejo-nasce-do-espanto,10000092465>.
LUFT, L. O lado fatal. Rio de Janeiro:
Record, 2011.
PELLEGRINO, H. A burrice do demônio. Rio de
Janeiro: Rocco, 1988.
PELLEGRINO, H. Lucidez Embriagada. São Paulo:
Editora Planeta do Brasil, 2004.
PIRES, P. R. Hélio Pellegrino: a paixão
indignada. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1998.
RESENDE, O. L. O riso se mistura à dor. Correio
IMS, Rio de Janeiro, 25 mar. 1988. Disponivel em:
<https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/>.
Notas
[ii] “A Burrice do
Demônio”, Hélio Pellegrino, p. 122.
[iii] Idem.
[iv] “Eu não faço
por menos, reivindico o Prêmio Nobel. Em época de violência e destruição, quatro
sujeitos se manterem unidos por 40 anos, com a mesma amizade que tinham aos 16,
isto é para comemorar, é o milagre brasileiro. Prêmio Nobel para nós!” (“Hélio
Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 104)
[vi] ”Nosso encontro foi fulminantemente fraternal a
partir do primeiro minuto. E você sabe que brigávamos muito, com uma franqueza
rude, às vezes a ponto de chamar a atenção dos passantes na rua (quando era na
rua) ou de cometer alguns estragos em volta. Nunca, mas nunca, jamais mesmo,
nos separamos um com mágoa do outro. E nunca deixamos de nos dizer brutalmente
(talvez eu mais do que ele) o que pensávamos.” (“O riso se mistura à dor”,
carta de Otto Lara Resende a Francisco Iglésias de 25/03/1988. https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/)
[vii] “Mas o Hélio
bebeu, bebeu. E, de repente, pôs a mão no meu braço. Disse exatamente isto:
‘Nelson, você é um dos meus amigos fundamentais’. Ora eu atravessaria três
desertos para ouvir alguém dizer isso.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto
Pires, 1998, p. 44)
[viii] “Hélio Pellegrino poderia deixar a prisão tendo o
dramaturgo [Nelson Rodrigues], homem de confiança do exército, como fiador.”
(“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 77)
[x] “Não existe
neutralidade nem distanciamento, o que existe é discrição, silêncio, um
silêncio que significa consentimento. Consentimento a existência da pessoa, e
isto é um ato de amor.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34)
[xi] “Ora, a pessoa
humana, como tal e enquanto tal, só pode ser compreendida, jamais explicada.”
(“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 26)
[xii] “Minha própria análise didática durou perto de seis
anos. Só quem tenha vivido uma experiência analítica em profundidade pode
avaliar vivencialmente a riqueza de tal aventura.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio
Pellegrino, 2004, p. 31)
[xiii] “Férias eram
inadmissíveis para alguém que se sentia comprometido de forma integral com seus
clientes.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 116)
[xiv] “- Zuenir, tomei uma decisão: quando sair daqui vou
trabalhar menos. Descobri que posso viver com muito menos dinheiro, pois me
basta isso: uma cama, comida, uns livros para ler, papel para escrever e um
banheiro para tomar banho e fazer cocô.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto
Pires, 1998, p. 90)
[xv] “Sempre um
Papo” gravado em 12/12/1987, nas comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte,
no Cabaré Mineiro. Organização da Empresarte, de Afonso Borges. Disponível no
link: https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s
[xvi] “No palanque montado em frente à Câmara dos
Vereadores, na Cinelândia, os discursos se sucediam*. Hélio foi um dos últimos
a falar, antes do grand finale de Vladimir Palmeira, o líder
mais carismático do movimento. Na condição de representante dos intelectuais
que logo em seguida o levaria a Brasília para negociar diretamente com o
Marechal Costa e Silva, Hélio cala os manifestantes com um discurso rápido e
concluído em tom apoteótico: - O povo está na praça pública, logo está na sua
casa. Este é um direito que precisa ser respeitado.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo
Roberto Pires, 1998, p. 90)
* “A Passeata dos Cem Mil
foi uma manifestação popular contra a Ditadura Militar no Brasil. Organizada
pelo movimento estudantil, ocorreu em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de
Janeiro, e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores
da sociedade brasileira.” (Fonte: Wikipedia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Passeata_dos_Cem_Mil)
[xix] “Lucidez
Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 175.
[xx] “Chego a hesitar: rasgo a carta, mando-a?”, carta
de Francisco Iglésias a Otto Lara Resende de 23/03/1988. https://correioims.com.br/carta/chego-a-hesitar-rasgo-a-carta-mando-a/
[xxi] “Operário só
entra no meu consultório como bombeiro ou pintor de paredes, jamais como
cliente.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 90)
[xxii] “Lucidez
Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 174.
[xxiii] “Todo jovem
sadio aspira à reformulação do mundo, em termos salvadores. Por isto – para
isto -, o jovem precisa de liberdade tanto quanto de ar para seus pulmões.”
(“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 63)
[xxiv] “Liberdade é
ação, é valor encarnado, apto a afeiçoar – e a modelar – um projeto
existencial.” (“A Burrice do Demônio”, Hélio Pellegrino, p. 217)
[xxv] “A pessoa
humana é uma totalidade transcendente cujo centro é a liberdade.” (“Lucidez
Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 26 e 27)
[xxvi] “Lucidez
Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 140.
[xxvii] “Lucidez
Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 138.
[xxviii] “Sempre
um Papo” gravado em 12/12/1987, nas comemorações dos 100 anos de Belo
Horizonte, no Cabaré Mineiro. Organização da Empresarte, de Afonso Borges.
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s
[xxx] Jornal O Estado
de S. Paulo, 04/12/ 2016. Disponível no link:
https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,ferreira-gullar-em-2015-a-poesia-como-vejo-nasce-do-espanto,10000092465
[xxxi] “- Mas tudo é
tão simples. Tão simples – dizia ele, apontando a paisagem, olhos cheios
d’água.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34) e “Emir Sader
lembra do psicanalista, em prantos, emocionado, ao visitar um manicômio em
Havana. – Aqui eles são tratados como verdadeiros seres humanos – repetia
Hélio.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34)
[xxxii] “Para que eu
seja uma pessoa, é preciso que eu me ajoelhe diante de uma árvore, e diga, com
lágrimas nos olhos: árvore! E com espanto terníssimo repita: árvore! E me deixe
estar, estático, contemplando a árvore para a qual abro os músculos de minha
liberdade, para que ela esplenda.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino,
2004, p. 182)
[xxxiii] “O riso se mistura à dor”, carta de Otto Lara
Resende a Francisco Iglésias de 25/03/1988. https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/
[xxxv] “O lado fatal”,
Lya Luft, 2011, p. 19, 43, 65.
[xxxvi] “Hélio
Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 119.