Quem sou eu?

Seja bem-vindo!

Neste espaço você poderá conhecer algumas das minhas reflexões, que espero, possam de alguma forma estimular seu pensamento e divertir.

"Vida longa aos dias de sol!"

domingo, 28 de julho de 2019

PARA HÉLIO PELLEGRINO




“As utopias são as fontes de todos os caminhos,
projetados no porvir.”[i]


Minha história com Hélio Pellegrino começou há vários anos, ainda na década de oitenta. Digo minha história com, mas sem Hélio, porque nunca o conheci pessoalmente e ele nunca soube da minha existência.
Naquela época, eu ainda antes dos vinte anos, recém saído de um colégio jesuíta do Rio de Janeiro, começava a me interessar por participar mais ativamente da Igreja Católica. Devo confessar, que de início, o que de fato me atraia àquela empreitada eram as meninas católicas de Ipanema, várias delas participantes de atividades e missas de domingo na Igreja de Nossa Senhora da Paz.
Azarar, desculpas pelo termo oitentista, meninas na Igreja ainda poderia ser aceitável para um aluno recém saído de um colégio jesuíta, onde para meus pares da época, seria impensável estar associado de qualquer forma à Igreja, suas crenças e ritos. A justificativa das meninas aliviava e sustentava, a imagem descolada de um jovem da zona sul carioca.
Não sabia eu, que pouco tempo depois, além das meninas, as ações pastorais e as questões de fé tratadas por aquele grupo e especialmente por seus frades franciscanos, iriam me seduzir. Como então assumir uma posição de católico praticante, quando isso significaria estar associados a carolas.
Na busca de uma salvação ao possível rótulo de coroinha, inaceitável nos meus preconceituosos dezenove anos, trombei sem querer e sem hoje me lembrar como, com os textos escritos por Hélio, publicados quinzenalmente no Jornal do Brasil daquela época. Intelectual, militante de esquerda, psicanalista, mas principalmente: católico praticante assumido.
Naqueles meus tempos de estudante de engenharia, Hélio seria uma fonte de identificação segura e bem mais atraente, que os coroinhas normalmente associados à Igreja. Naquele momento, ainda longe da psicanálise, mas interessado em teologia, ações sociais e movimentos de esquerda, ele era um ótimo exemplo a ser seguido.
Mas nossa relação não foi longe, depois de um período de intensa atividade, Hélio nos deixou prematuramente em 1988 e um pouco mais para frente, a vida também me levou por outros caminhos pessoais e profissionais, que acabaram por me afastar da Igreja e qualquer ação social. Nossa amizade talvez tenha sido somente uma breve aventura de adolescência.
Mais de dez anos depois, já homem adulto, com filhos e vivendo a vida dinâmica de um jovem executivo em ascensão, mudo do Rio para São Paulo, e como bom carioca em chegada à cidade, escolho o bairro de Moema para morar. Logo na chegada, me surpreendo com uma avenida, naquele tempo, nova e em crescimento, batizada com seu nome: Hélio Pellegrino.
Minha visão até aqui ainda muito limitada da cidade, tachada de mar de prédios e lugar sem praia, ou simplesmente cidade para se trabalhar e ganhar dinheiro; foi surpreendida com aquela homenagem. Afinal minha própria cidade não tido sido capaz de fazer algo semelhante ao seu ilustre habitante.
De alguma forma, Hélio mais uma vez, me fez olhar de um outro modo àquela cidade, que ao menos tinha tido o mérito de reconhecer e homenagear um intelectual, poeta, cristão e socialista como ele. Seu nome batizando aquela avenida, de alguma forma sinalizava-me, que havia muito mais aqui do que os meus preconceitos imaginavam conhecer. Seu nome me deixou mais à vontade no lugar, que de um modo ou de outro, eu tinha escolhido estar.
Vinte anos depois, continuo por aqui. O tempo passou, minha vida caminhou bastante, quando mais uma vez, sem querer, nossas histórias se cruzaram novamente, quando fui convidado a falar sobre ele neste evento. Esta coincidência me trouxe um conjunto de recordações, algumas há muito esquecidas e outras modificadas pelo tempo, que me fizeram crer que meu inconsciente soube trabalhar sabiamente por esse novo encontro.
Hoje, mais de trinta anos depois da minha primeira descoberta, eu menos socialista e católico que em outros tempos, mas por outro lado, agora também psicanalista, pude redescobri-lo com outros olhos. Depois de tanto tempo, foi muito especial retornar aos seus textos, que obviamente estavam por muito esquecidos, e me enxergar novamente, mas agora em uma outra posição: a de homem maduro e psicanalista.
Que prazer trabalhar com sua obra e história, e de alguma forma agradecer ao que, sem saber, ele foi capaz de fazer também por mim. Nessa jornada curiosa, apresentou-se a mim um novo Hélio, ainda mais fascinante que minha juventude empolgada já admirava com fervor tempos atrás. Minha curiosidade e amor pela psicanálise de alguma forma se sentiu muito bem recebida por alguém, que por toda sua história, também fora puxado por estes mesmos motores.
Pude conhecer que sua inteligência não era somente objeto de vaidade ou poder, mas uma qualidade de trabalho e ligação. Não a ligação como a origem da palavra nos antecipa, capacidade de interligar dados e fatos, mas a associada a outras ligações, ou como ele mesmo afirma, a ligação amorosa de Eros.
Uma inteligência em posição antagônica a burrice do demônio, aquele que segundo suas próprias palavras “está condenado, por toda a eternidade, a não ter relação como quem quer que seja”, estando “infinitamente isolado”[ii].
Eros ao contrário, ainda segundo Hélio, “conjuga, configura, complexifica, totaliza. Se a união faz a força, Eros é forte – e o demônio, fraco. A bondade, fora de qualquer dúvida, é a forma superior de inteligência”[iii].
Neste contexto, não poderia ser mais inteligente nosso Hélio, alguém que ao longo de sua trajetória foi capaz de cultivar amizades como ninguém. Como ele mesmo disse, amizades merecedoras de um Prêmio Nobel, por conta de sua intensidade e longevidade[iv]. Algumas por toda sua vida, mantidas e alimentadas regularmente, muitas delas com contatos diários, ainda que por telefone[v]. Algo muito especial em qualquer época.
O que já seria admirável no caso de qualquer um, com Hélio foi bem mais longe. Uma amizade tão longa, não se sustentou apenas por afinidades e histórias em comum, mas especialmente pela capacidade de superar diferenças e respeitar singularidades. Afinal amigos de longa data também brigam, e como disse Otto Lara Resende um dos seus amigos mais próximos, que com Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos foram amigos por mais de cinquenta anos: “brigávamos muito”[vi].
Talvez esteja aí o segredo amoroso de Hélio, um auto intitulado cristão e socialista radical, capaz de ter entre seus amigos pessoas de pensamento diverso e ter como “amigo fundamental”, o escritor e assumidamente reaça Nelson Rodrigues[vii], frequentador assíduo de seus almoços de sábado e mais tarde articulador da sua soltura, quando preso por cinquenta dias nos tempos da ditadura militar[viii].
Alguém capaz de mesmo preso, interessar-se genuinamente pelas questões de seu próprio detentor, diretor da casa onde fora detido, e tornar-se seu analista. Não antes de solicitar que em troca pelos seus serviços, o diretor  autorizasse que ele continuasse atendendo seus clientes ali mesmo[ix].
Alguém que encarava a prática psicanalítica para além dos trâmites teóricos e corporativos da profissão, mas como um ato de amor aos seus analisandos[x]. Uma posição de quem logo após a faculdade de medicina, não identificado com o entendimento cientificista da pessoa humana[xi] e motivado por suas próprias questões pessoais, buscara sua própria análise e mais tarde a posição de analista.
Conhecedor dos efeitos da boa psicanálise consigo mesmo[xii], tornou-se um trabalhador incansável da prática psicanalítica, a ponto de não pensar em férias um pouco mais longas, por não se permitir se distanciar por muito tempo dos seus atendimentos[xiii]. Em 1969, quando ainda encarcerado pela ditadura militar, chegou a comunicar sua decisão de trabalhar menos ao companheiro de cativeiro Zuenir Ventura, mas uma vez liberto, sua promessa não foi muito longe[xiv].
Psicanalista, escritor e intelectual, Hélio ia além das práticas profissionais típicas de sua profissão e desde cedo esteve envolvido na ação política. Participou da fundação de dois partidos, UDN e PT, e buscava estar sempre ativo por seus credos[xv].
Não por coincidência, nas manifestações estudantis de 1968 contra a ditadura, era o representante dos intelectuais naqueles atos. Juntava-se às passeatas e aos palanques dos estudantes, defendendo enfaticamente suas ideias. Muito distante do intelectual defendido atrás de textos e publicações, expunha-se diretamente, em corpo e palavra contra a ditadura instalada[xvi].
Em tempos onde os jovens bradavam o credo do ativista Jack Weinberg, “não confie em ninguém com mais de trinta”, ele do alto dos seus quarenta e quatro anos, discursava lado a lado com, o naquela época líder estudantil e vinte anos mais novo, Vladimir Palmeira[xvii].
Sua postura crítica não poupava nem mesmo sua classe profissional, sendo um questionador ferrenho da atitudes arbitrárias da Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro, mantendo sua posição às últimas consequências, tendo sido mesmo expulso e posteriormente readmitido via processo judicial[xviii].
Sua capacidade única de transitar por diferentes grupos e suas divergências, mesmo hoje nos causaria surpresa. Em 1980, em meio a sua disputa com a Sociedade de Psicanálise, fora capaz de planejar um congresso sobre o inconsciente, que reuniria em um mesmo evento, conforme suas palavras: “Lacan, um soviético e muitos cientistas”; sugerindo ainda uma parte teórica, com várias correntes de pensamento, que incluiria psicanálise, reflexologia, behaviorismo, bioenergeticismo, etc[xix].
Amigos de diferentes linhas politicas, posicionamentos teóricos ou faixa etária nunca foram limite a sua generosidade e amor. Ele só era inimigo do poder dos exploradores presentes no governo ou nas empresas, capazes de dominar e consumir o próximo, posicionando-se contrário à filosofia utilitária do homem, quando o mesmo é tratado como material de consumo ou coisa descartável[xx].
Sabendo dos limites concretos da clínica psicanalítica[xxi], para o atendimento aos mais pobres e dificuldade de acesso aos seus serviços, como homem de ação foi um dos fundadores da Clínica Social da Psicanálise[xxii], despertando o inconformismo de seus pares assustados com as ameaças à sua reserva de mercado.
Fiel a liberdade, nome do primeiro jornal político que participara na publicação ainda estudante por volta dos seus vinte anos[xxiii], a encontrou na prática da psicanálise e em todas suas produções como motivação maior[xxiv]. Ele mesmo disse: “A psicanálise é, essencialmente, a ciência da liberdade humana”[xxv].
Liberdade que implica a existência de uma lei estruturante, a negatividade que mantém aberto o espaço indeterminado que constitui a primeira[xxvi]. Neste sentido, conforme suas palavras: “cometer um crime, em nome da lei, é mais grave do cometê-lo fora da lei. O crime, cometido em nome da lei, abole a diferença entre lei e crime e, nesta medida, instaura o império do crime, o primado de uma desordem que não tem, para enfrentá-lo, nenhuma ordem que lhe seja antagônica”. Em uma frase, “ser livre é respeitar a lei” [xxvii].
Um utópico eloquente, mas ao mesmo tempo pragmático quantos as reais possibilidades de transformação da sociedade, o que de alguma forma trazia tristeza aos seus olhos. Mesmo assim, um trabalhador incansável por suas crenças e capaz de implicar o outro em suas próprias questões. Em talvez uma das suas últimas aparições gravadas em vídeo, alguns meses antes de sua morte, quando questionado sobre as ações que intelectuais privilegiados faziam pelos mais pobres, após contar um pouco de seu histórico e ações, devolveu a inquiridora: e você? Qual é a sua contribuição?[xxviii]
Era intelectual, psicanalista, escritor e ativista, mas era mais. Hélio também era poeta. Face muito admirada por amigos, mas pouco publicada. Em seu último vídeo, quando cobrado pela parca publicação de seus poemas, se justifica sem graça, “talvez por perfeccionismo, talvez por vaidade, ou um sentimento de inferioridade que está oculto e bem disfarçado” de modéstia ou insegurança da qualidade de sua produção, mas logo depois conclui dizendo, “mas eu chego lá, eu vou publicar meus poemas, eu me comprometo com essa ilustre plateia”[xxix]. A morte veio antes do planejado e a promessa não pode ser cumprida em vida.
Segundo o poeta Ferreira Gullar a poesia nasce do espanto, alguma coisa que te surpreende e você tem que comunicar os outros[xxx]. Sendo assim, apesar da pouca publicação, Hélio sempre teve muito a comunicar. Mesmo já homem maduro, nunca perdeu a capacidade de se admirar pela beleza da natureza, da pessoa humana e se emocionar[xxxi]. Permaneceu empático aos mistérios do mundo e da vida, que de alguma forma sempre os estimulavam a ir além[xxxii].
Por fim, homem ardoroso defensor do amor em suas diversas formas, talvez possa ser melhor definido nas palavras daqueles depositários do seu sentimento, nas diversas formas em que ele viveu como poucos. O amor da amizade, o fraternal e o romântico. Deixo aqui as palavras destes concluírem meu discurso e apresentação.
O amigo Otto o apresenta como uma pessoa de uma gratuidade infantil, senso de humor e histrionismo incomparáveis, capaz de se comunicar quase sem palavras, possuidor de uma flama, que tocava o sublime, o ridículo e o engraçado.[xxxiii]
Seu filho e homônimo Hélio, que quase fora nomeado Carlos Frederico (numa tentativa de homenagem a Karl Marx e Friedrich Engels, devidamente descartada por seus familiares menos progressistas), o define com uma pessoa especialíssima, um conhecedor profundo da alma humana, sua grande busca.[xxxiv]
Ou nas palavras amorosas de sua última esposa, Lya Luft: “Ele tinha coisas de menino: dormia abraçado a mim feito criança, gostava de doce e de ganhar camisas novas de presente.”, “às vezes parecia alegre; mas seus olhos eram tristes de entenderem a miséria deste mundo”, mas ela também reconhecia as múltiplas faces do poeta “aquele que amei era velho e moço, ríspido e cândido, apaixonado e solitário”,  “era um homem impaciente: brigava no trânsito, detestava filas, batia portas com força quando perdia as coisas. Certa vez rachou um telefone que não dava linha; reclamava de ir ao dentista. Mas quando um dia chorei porque falou alto comigo, mandou-me rosas que espalhei pela casa toda.”[xxxv]
Ou melhor ainda, nas palavras do próprio Hélio: “Só a ressurreição da carne me sustenta. É ela que constitui a última utopia humana, o projeto essencial ao qual se referem e se alimentam todos os projetos.”[xxxvi]
Quem sabe hoje, trinta anos depois, Hélio Pellegrino me faça cristão mais uma vez e sem querer continue de um outro lugar, sua missão utópica neste mundo.




Bibliografia


BERNANOS, G. Os grandes cemitérios sob a luz. São Paulo: É Realizações, 2015.
BORGES, A. Sempre um Papo, 12 dez. 1987. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s>. Sempre um Papo, nas comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, no Cabaré Mineiro.
IGLÉSIAS, F. Chego a hesitar: rasgo a carta, mando-a? Correio IMS, Rio de Janeiro, 23 mar. 1988.
JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO. Estadão. Disponivel em: <https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,ferreira-gullar-em-2015-a-poesia-como-vejo-nasce-do-espanto,10000092465>.
LUFT, L. O lado fatal. Rio de Janeiro: Record, 2011.
PELLEGRINO, H. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.
PELLEGRINO, H. Lucidez Embriagada. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004.
PIRES, P. R. Hélio Pellegrino: a paixão indignada. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1998.
RESENDE, O. L. O riso se mistura à dor. Correio IMS, Rio de Janeiro, 25 mar. 1988. Disponivel em: <https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/>.




Notas




[i] “A Burrice do Demônio”, Hélio Pellegrino, p. 119.
[ii] “A Burrice do Demônio”, Hélio Pellegrino, p. 122.
[iii] Idem.
[iv] “Eu não faço por menos, reivindico o Prêmio Nobel. Em época de violência e destruição, quatro sujeitos se manterem unidos por 40 anos, com a mesma amizade que tinham aos 16, isto é para comemorar, é o milagre brasileiro. Prêmio Nobel para nós!” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 104)
[v] “Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 105.
[vi] ”Nosso encontro foi fulminantemente fraternal a partir do primeiro minuto. E você sabe que brigávamos muito, com uma franqueza rude, às vezes a ponto de chamar a atenção dos passantes na rua (quando era na rua) ou de cometer alguns estragos em volta. Nunca, mas nunca, jamais mesmo, nos separamos um com mágoa do outro. E nunca deixamos de nos dizer brutalmente (talvez eu mais do que ele) o que pensávamos.” (“O riso se mistura à dor”, carta de Otto Lara Resende a Francisco Iglésias de 25/03/1988. https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/)
[vii] “Mas o Hélio bebeu, bebeu. E, de repente, pôs a mão no meu braço. Disse exatamente isto: ‘Nelson, você é um dos meus amigos fundamentais’. Ora eu atravessaria três desertos para ouvir alguém dizer isso.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 44)
[viii] “Hélio Pellegrino poderia deixar a prisão tendo o dramaturgo [Nelson Rodrigues], homem de confiança do exército, como fiador.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 77)
[ix] Relato de Hélio Guimarães Pellegrino, filho de Hélio Pellegrino, ao autor em 26/07/2019.
[x] “Não existe neutralidade nem distanciamento, o que existe é discrição, silêncio, um silêncio que significa consentimento. Consentimento a existência da pessoa, e isto é um ato de amor.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34)
[xi] “Ora, a pessoa humana, como tal e enquanto tal, só pode ser compreendida, jamais explicada.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 26)
[xii] “Minha própria análise didática durou perto de seis anos. Só quem tenha vivido uma experiência analítica em profundidade pode avaliar vivencialmente a riqueza de tal aventura.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 31)
[xiii] “Férias eram inadmissíveis para alguém que se sentia comprometido de forma integral com seus clientes.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 116)
[xiv] “- Zuenir, tomei uma decisão: quando sair daqui vou trabalhar menos. Descobri que posso viver com muito menos dinheiro, pois me basta isso: uma cama, comida, uns livros para ler, papel para escrever e um banheiro para tomar banho e fazer cocô.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 90)
[xv]  “Sempre um Papo” gravado em 12/12/1987, nas comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, no Cabaré Mineiro. Organização da Empresarte, de Afonso Borges. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s
[xvi] “No palanque montado em frente à Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, os discursos se sucediam*. Hélio foi um dos últimos a falar, antes do grand finale de Vladimir Palmeira, o líder mais carismático do movimento. Na condição de representante dos intelectuais que logo em seguida o levaria a Brasília para negociar diretamente com o Marechal Costa e Silva, Hélio cala os manifestantes com um discurso rápido e concluído em tom apoteótico: - O povo está na praça pública, logo está na sua casa. Este é um direito que precisa ser respeitado.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 90)
* “A Passeata dos Cem Mil foi uma manifestação popular contra a Ditadura Militar no Brasil. Organizada pelo movimento estudantil, ocorreu em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, e contou com a participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira.” (Fonte: Wikipedia, https://pt.wikipedia.org/wiki/Passeata_dos_Cem_Mil)
[xvii] Idem.
[xviii] “Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 196.
[xix] “Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 175.
[xx] “Chego a hesitar: rasgo a carta, mando-a?”, carta de Francisco Iglésias a Otto Lara Resende de 23/03/1988. https://correioims.com.br/carta/chego-a-hesitar-rasgo-a-carta-mando-a/
[xxi] “Operário só entra no meu consultório como bombeiro ou pintor de paredes, jamais como cliente.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 90)
[xxii] “Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 174.
[xxiii] “Todo jovem sadio aspira à reformulação do mundo, em termos salvadores. Por isto – para isto -, o jovem precisa de liberdade tanto quanto de ar para seus pulmões.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 63)
[xxiv] “Liberdade é ação, é valor encarnado, apto a afeiçoar – e a modelar – um projeto existencial.” (“A Burrice do Demônio”, Hélio Pellegrino, p. 217)
[xxv] “A pessoa humana é uma totalidade transcendente cujo centro é a liberdade.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 26 e 27)
[xxvi] “Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 140.
[xxvii] “Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 138.
[xxviii] “Sempre um Papo” gravado em 12/12/1987, nas comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, no Cabaré Mineiro. Organização da Empresarte, de Afonso Borges. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=z9aFd8_lgdc&t=28s
[xxix] Idem.
[xxxi] “- Mas tudo é tão simples. Tão simples – dizia ele, apontando a paisagem, olhos cheios d’água.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34) e “Emir Sader lembra do psicanalista, em prantos, emocionado, ao visitar um manicômio em Havana. – Aqui eles são tratados como verdadeiros seres humanos – repetia Hélio.” (“Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 34)
[xxxii] “Para que eu seja uma pessoa, é preciso que eu me ajoelhe diante de uma árvore, e diga, com lágrimas nos olhos: árvore! E com espanto terníssimo repita: árvore! E me deixe estar, estático, contemplando a árvore para a qual abro os músculos de minha liberdade, para que ela esplenda.” (“Lucidez Embriagada”, Hélio Pellegrino, 2004, p. 182)
[xxxiii] “O riso se mistura à dor”, carta de Otto Lara Resende a Francisco Iglésias de 25/03/1988. https://www.correioims.com.br/carta/o-riso-se-mistura-a-dor/
[xxxiv] Relato de Hélio Guimarães Pellegrino, filho de Hélio Pellegrino, ao autor em 26/07/2019.
[xxxv] “O lado fatal”, Lya Luft, 2011, p. 19, 43, 65.
[xxxvi] “Hélio Pellegrino”, Paulo Roberto Pires, 1998, p. 119.